domingo, 4 de setembro de 2016

7 - Santa Rosa de Viterbo e os Papas


7 - Rosa e os Papas

É sensível a admiração e carinho que sucessivos Papas manifestaram por Santa Rosa ao longo dos séculos, desde Inocêncio IV e Alexandre IV, seus contemporâneos, até os mais recentes. Tal carinho faz parte da glória póstuma desta corajosa menina, que ousou enfrentar o poderoso Imperador Frederico II e os heréticos de seu tempo em defesa da Fé Católica e do Papado.

O Papa Pio XII, por exemplo, em carta endereçada ao Arcebispo de Viterbo e Tuscania, Dom Adelchi Albanesi, por ocasião do VII Centenário da morte da santa, isto fica patente. Escreveu este Sumo Pontífice[1]:

(...) por esta circunstância não serão somente os compatriotas a celebrar a comemoração de uma virgem tão notável, juntamente com os franciscanos terciários, em cujas fileiras ela militou e entre os jovens da Ação Católica, que a veneram como sua sublime patrona, mas também será toda a Igreja universal, que nela aponta um esplêndido exemplo vontade cristã.
De fato, esta flor tão admirada se destaca e derrama suave perfume nos jardins da Igreja, que é bem adequada a sentença divina: "Tendo chegado rapidamente ao termo, percorreu uma longa carreira" (Sb 4, 13). Na verdade, recordando os nossos pensamentos, a Sua vida, tão curta, restrita ao ciclo de adolescência, embora já amadurecida na perfeição evangélica, não saberíamos o que admirar mais: se a pureza da alma, preservada intacta desde a mais tenra idade, ou o milagres maravilhosos operados  e as santas batalhas travadas, revelando o seu temperamento excepcional, forte e valente, por natureza, mas ainda intimamente alimentados e corroborados pela graça divina. Essa fortaleza de alma resplandeceu provada, quando foi confrontada em empresas nada comuns, as quais, donzela, foi chamada, não sem uma disposição do céu, naquela pouca idade. Isto é: para acabar com a discórdia dos concidadãos, para reformar os costumes, para erradicar os hereges, e reivindicar com luta vigorosa os direitos espezinhados da Igreja.
Abandonou, então, a casa paterna, onde, por amor da solidão, tinha na oração e na contemplação iniciado um padrão de vida extremamente austero, por inspiração divina, com tal fervor generoso se lançou no campo aberto do apostolado para se tornar sentinela invencível de Cristo e defensora incansável da palavra divina. Foi certamente um espetáculo edificante, e de fato digno de Deus, que "escolheu o que é fraco no mundo... para confundir os fortes" (Cor. 1, 27) ver esta iletrada filha de São Francisco, sem nenhum apoio humano, mas forte unicamente da ajuda de Deus, tomar as praças, pelas ruas, a encorajar o povo, a refutar os erros, e opor-se de coração aberto à arrogância dos tiranos.
Em vão, os oponentes tenazes empenharam-se com truques diabólicos para silenciá-la: a perseguição, as armadilhas, até mesmo o exílio, não puderam assombrar a jovem indefesa, não a dobraram nunca! De fato ocorreu, felizmente, que vários desviados retornaram para o caminho certo da fé, de modo que muitos erros foram debelados, e seguiu-se um reflorescimento saudável dos costumes naquela cidade, que muitas vezes Santa Rosa consolidava, protegida por Deus, com milagres estupendos .
Esta flor de imaculada beleza, tão cedo transplantada para o canteiro de flores do Paraíso, apenas por um curto tempo na terra derramou a sua fragrância. Mas o mundo conservou o perfume: ainda em sua cidade, seu corpo venerável é o objeto de profunda veneração pelos concidadãos e estrangeiros; e é tão profundamente impresso nas almas a lembrança de suas virtudes que em Viterbo parece que dessa santa menina qualquer coisa ainda paira e sobrevive.
Saibamos especialmente dela, nas contingências de hoje a favorecer com todas as forças as obras de apostolado que não devem ser totalmente consideradas como exclusividade do clero...
Movidos pelos exemplos de Santa Rosa – que para o atendimento de urgência das almas, em vez de fechada no monastério, que tanto, mas em vão suspirou, lançava-se, mensageira viva da caridade no meio das massas populares  - todos os membros do laicato católico, reconsiderem seus compromissos sagrados com o Batismo e fortalecidos novamente pela poderosa vitalidade da divina Confirmação, para não permanecerem conjuntamente inertes da militância cristã ...

Como assinala Paolo Cenci[2], tal depoimento é uma verdadeira “síntese da prodigiosa existência de Rosa”.

Mais recente, ainda, podemos tomar como outro exemplo a exortação de São João Paulo II a seu respeito, ao afirmar[3]:

Em Santa Rosa, vemos um exemplo dessa adesão generosa e total à chamada divina. Em sua curta vida, a convicção heroica com a qual era capaz de aceitar em sua vida a Palavra de Deus nos torna conscientes da extensão e intensidade com que ela viveu a sua lealdade incondicional de Deus. É admirável nessa jovem a profissão pública da sua fé: uma atitude que denota sua dedicação ao bem comum da sociedade e da Igreja, o que constitui um dos componentes essenciais do amor cristão ao próximo, fundado, como sabemos, em ouvir e praticar a vontade divina. É, de facto, a partir de sua intimidade com Cristo, o Senhor, e a disponibilidade ao seu Espírito, que Rosa tomou essa maravilhosa sabedoria e força que lhe permitiu realizar seu apostolado, apesar das dificuldades e da oposição que encontrou. Por estas razões, apesar das profundas mudanças dos tempos, é importante ponto de referência para todos os jovens e mulheres cristãs que querem realizar em plenitude, e com verdadeira liberdade, a dimensão social e eclesial da sua personalidade.


Bento XVI e Santa Rosa de Viterbo



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[1] CENCI, 1981, pg 20-23.
[2] op. cit., pg 23.
[3] Discorso di Giovanni Paolo I alle Suore Raccolte nel Santuario di Santa Rosa. Domenica, 27 maggio 1984.  

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