domingo, 30 de julho de 2023

 Estamos iniciando um projeto para a divulgação da obra de uma dos mais importantes pensadores católicos do século XX: PADRE PASCHOAL RANGEL.

Sacerdote, Teólogo, Filósofo, Educador, Jornalista, Crítico Literário, Poeta, o Pe Paschoal militou durante mais de 6 décadas na imprensa por amor à Santíssima Virgem Maria, Nosso Senhor Jesus Cristo e à Igreja Católica Apostólica Romana.
 






domingo, 4 de setembro de 2016

1 - Uma Rosa para Deus - Minha Confissão


1 – Uma Rosa para Deus

Nasci pelas mãos de Rosa, de Castelo, e renasci pelas mãos de Rosa, de Viterbo. De fato, minha avó, Rosa Sellitti Rangel, fez meu parto. Nasci em sua casa, em Castelo, Estado do Espírito Santo. E a outra Rosa, de Viterbo, Itália,  me trouxe de volta à Igreja, depois de uma longa e triste ausência.

Pois este meu filho estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi achado. (Lucas 15:24)





Foi ouvindo os sons do sino de uma capelinha que via da minha varanda que, um dia, mordido de curiosidade fui até lá para conhecê-la, sem maiores pretensões. Fiquei na soleira da porta, chorando, sem conseguir entrar, enquanto a Missa transcorria.

Aos poucos fui conhecendo Santa Rosa de Viterbo, e passei a amá-la. Quis voltar ao rebanho. Ainda vivo aos trancos e barrancos, em altos e baixos, mas, Santa Rosinha - como gosto de chamá-la - tem me ajudado a percorrer o Caminho, no qual espero estar até o fim desta vida, e, se a Graça de Deus me socorrer, encontrar as duas rosas de minha vida no Céu.

Sonhei em visitar Viterbo à medida que crescia o meu amor e interesse pela história da santinha, que tão jovem entregou-se totalmente a Deus, de forma heroica. Queria tudo saber sobre ela. Este sonho se tornou realidade, depois de quase duas décadas do nosso  primeiro encontro. De fato, nos dias 6 e 7 de abril de 2016, eu a vi no seu Santuário. E, com grande emoção participei da Missa e do Ofício Divino com as freiras que zelam por sua memória.

Que o Espírito Santo seja o meu guia na realização deste trabalho, que é singelo, sem grandes pretensões. É, antes de tudo, um agradecimento por todas as benesses recebidas por sua poderosa intercessão, do qual dou testemunho e poderão constatar no decorrer da leitura.

Não se fará uma narrativa linear. Cada capítulo poderá ser lido de forma independente, sem perda substancial. Far-se-á remissão a esta ou aquela passagem no decorrer do livro, se for o caso. Não se trata esta obra de um romance histórico, isto é, baseado nos dados históricos que dispomos romancear a vida de Rosa. Apenas procurou-se lançar alguma luz sobre alguns aspectos da sua biografia, sendo o mais fiel possível a tais dados. Por isto são transcritos na íntegra os relatórios dos processos de canonização para apreciação e interpretação de cada leitor, ao seu livre arbítrio.

Por outro lado, não queremos afirmar que a narrativa está isenta de emoções. Este é um livro de um apaixonado, e não se procurou mascarar esta paixão em prol de uma pretensa obra científica. A palavra da ciência, contudo, está presente em toda a obra. É nossa visão, entretanto, que - apesar de todo o racionalismo dos tempos modernos, e da vã tentativa da ciência de produzir um discurso definitivo, imparcial, absoluto -, ciência e fé são inseparáveis[1]; são como duas faces da mesma moeda. Quem só usa a razão é um ser sem razão!

Se alguma pretensão tem este trabalho é a de que ele seja edificador para os que vierem a lê-lo, que desperte e fortaleça a fé de cada um de nós, sobretudo dos jovens, dos quais Rosa é Padroeira. E, alimentados na fé, que usemos a razão na realização das boas obras.


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[1] Sobre esta questão indicamos a leitura da Carta Encíclica Fides et Ratio, do Papa São João Paulo II.

Índice - Sumário


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Sumário






3.1 – Vita Prima

3.2 – Vita Seconda


4.1 – A Palavra da Ciência













12 – Bibliografia



O Corpo Incorrupto de Santa Rosa de Viterbo sendo transportado pelos Facchini (2016)



2 - Sic in Sanctis suis mirabilis...


2 - Sic, in Sanctis suis mirabilis…

Tão maravilhoso nos seus santos e bendito para sempre o nosso Deus”. Estas foram as palavras, numa tradução singela, com que o Papa Inocêncio IV iniciou a Bula Sic in Sanctis, do primeiro processo de canonização de Rosa (Vita Prima).

Houve outro processo (Vita Seconda), mas nenhum deles chegou a termo. O nome de Rosa, contudo, numa excepcionalidade na História da Igreja, foi inscrito no Martirológio Romano, e elevado ao culto nos altares – com Missa Própria e Ofício - e tem dois dias oficiais de celebração em sua memória.

O que tem de especial esta menina, que foi declarada Padroeira da Juventude Franciscana, falecida no dia 6 de Março de 1251, aos 17 anos de idade, para ter tal deferência? E, porque, além do dia 6 de Março – dia do seu trânsito (quando a Igreja celebra a memória de cada santo), também é comemorada no dia 4 de Setembro? Na véspera deste dia, aliás, em Viterbo, ocorre uma extasiante festa com o Transporte da Macchina di Santa Rosa: da Porta Romana até o Santuário. São estruturas belíssimas, cujos modelos mudam de tempos em tempos, e chegam a atingir 30 metros de altura e pesar várias toneladas. São transportadas nos ombros dos Facchini di Santa Rosa. É tão impressionante esta festa que foi declarada pela UNESCO Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

Mas, o principal: quem foi esta menininha, tão amada por Deus, a ponto de receber visitas da Virgem Maria?

RECONSTRUÇÃO FACIAL DE SANTA ROSA DE VITERBO


Rosa teve uma breve passagem neste mundo, mas deixou uma marca indelével, ao ponto de despertar a admiração dos papas: desde o seu tempo até os dias de hoje. Com efeito, ela foi portadora da Voz de Deus e da Igreja, num tempo em que esta sofria grandes perseguições - como, de resto, ainda sofre, em pleno Século XXI. A ela são atribuídos, nos autos dos processos, numerosíssimos e impressionantes milagres ocorridos por sua intercessão: da ressurreição de mortos à passagem por uma “Prova do Fogo”. De fato, narra-se que ela entrou numa fogueira para converter uma herética, em Vitorchiano, e ali permaneceu por longo tempo saindo ilesa.

O CORPO INCORRUPTO DE SANTA ROSA EM PROCISSÃO (2016)



Os milagres atribuídos à sua intercessão junto a Deus por nós continuam a ser catalogados. É impressionante o livro Il Libro dei Miracoli di Santa Rosa da Viterbo, do Postulador da Causa dos Santos Frei Ernesto Piacentini, O.F.M. Conv., publicado em 1991. Desafiando a ciência e os espíritos mais racionais, seu corpo permanece incorrupto depois de mais de sete séculos, e pode ser visto em seu Santuário.


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2.1 - O Caminho da Santidade


2.1 - O Caminho da Santidade

Rosa nasceu em uma humilde família. Seus pais se chamavam Giovanni e Caterina, revela a Vita Prima. Desde criança manifestava seus dons espirituais. Em contato com a família franciscana, desejou, depois de uma visão da Virgem Maria, entrar para o Monastério das Clarissas de São Damião, mas foi-lhe recusado a realização deste desejo. Profetizou, então, que depois de sua morte ali seria recebida.

A recusa, contudo, não impediu Rosa de viver o carisma do Seráfico Pai São Francisco. Fez de seu quarto a sua cela, até que a própria Virgem Maria lhe aparecesse e lhe desse uma missão: evangelizar e trazer de volta à Igreja os viterbenses que, fruto dos conflitos da Igreja com o Imperador Frederico II, tomaram o partido deste. Era o tempo da luta entre os Guelfos e os Gibelinos.

Instada pela Virgem Maria, Rosa vestiu o Hábito da Penitência como os irmãos da Ordem Terceira de São Francisco, e com um Crucifixo nas mãos – que lhe aparecera milagrosamente, segundo os relatos – saiu pelas ruas e praças da cidade a evangelizar. O fato causou muita comoção em Viterbo, e muitos voltaram para a Fé Católica. Os partidários do Imperador, que dominavam a cidade, viram em Rosa uma ameaça real e ela foi exilada com seus pais. Foram para Soriano del Cimino e Vitorchiano, e continuou sua pregação. De lá previu a morte do Imperador Frederico II, o que de fato ocorreu uma semana depois, e ela voltou para Viterbo, vivendo seus últimos dias como uma monja, em seu pequeno quarto.

Já em vida era tida como uma santa. Ao falecer, o Bispo, clero e o povo de Viterbo solicitaram ao Papa Inocêncio IV sua canonização, e este, em 25 de Novembro de 1252 mandou instalar o processo. Ordenou, então, fosse exumado o corpo, que havia sido enterrado, em terra nua, no cemitério de sua paróquia de Santa Maria in Poggio, e que fosse transferido ao interior da igreja. Qual a surpresa de todos ao constatarem que o mesmo estava perfeito, como se ela acabasse de falecer.

Inocêncio IV faleceu antes de ser concluso o Processo de Canonização, que depois foi abandonado. Um segundo foi instaurado em 1 de abril de 1457, pelo Papa Calisto III. Foi fechado, também, em 4 de julho de 1457, sem conclusão. Sucedendo Inocêncio IV, subiu ao Trono de São Pedro Alexandre IV[1]. Este, segundo relatos, teria sonhado várias vezes com Rosa, onde ela pedia que fosse enterrada no Monastério das Clarissas, que a havia recusado em vida, como sabemos. Tão insistentes os sonhos que Alexandre IV mandou exumar novamente o corpo, e este, para maior espanto, ainda, continuava perfeitíssimo.

Em virtude deste milagre, o próprio Papa, em 4 de Setembro de 1258, levou-a em procissão, acompanhado da corte papal, todo o clero e povo de Viterbo, para aquele monastério, realizando, assim, a profecia de Rosa de que ali seria recebida depois de morta. E o monastério passou a ser chamado, então:




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[1] Curiosa a história destes papas e a relação deles com Santa Rosa e a Ordem das Clarissas. O primeiro, Inocêncio IV, foi quem aprovou, através da Bula Solete Annuere a Regra de Vida de Santa Clara, solicitada pelo segundo, quando era apenas Cardeal Reinaldo de Segni. A bula foi assinada por Inocêncio IV 12 dias após ter mandado exumar o corpo de Rosa. Santa Clara recebeu a Bula no leito de morte e passa para a vida eterna no dia seguinte, em 11 de Agosto de 1253.

2.2 - A Bula "Sic in Sanctis" do Papa Inocêncio IV


2.2 - A Bula do Papa Inocêncio IV

A Bula[1] Papal Sic in Sanctis de Inocêncio IV, de 25 de novembro de 1252, é o primeiro documento oficial da Igreja e, também, o mais antigo concernente a Rosa de Viterbo. O fato de ter sido exarada pouco tempo após sua morte – um ano e oito meses - revela-nos muito sobre o conceito que ela tinha entre os seus contemporâneos. A aura de santidade que a envolvia fica patente, a admiração dos seus concidadãos, bem como a notícia dos milagres alcançados por sua intercessão.

Depreende-se que tal bula é uma resposta ao clero, autoridades e povo de Viterbo, que haviam solicitado a abertura de um processo de canonização. De tal missiva endereçada ao Papa não há notícia, até o momento, de que tenha sido preservada, em algum local. Nenhum biógrafo, antigo ou contemporâneo, manifesta ter conhecimento desta missiva. Ela tornou-se muito importante para os estudiosos recentes que, mais cuidadosos sob o ponto de vista cronológico, por exemplo, puderam corrigir vários erros cometidos por biógrafos antigos, permitindo, via de consequência, fixar com fidedignidade alguns acontecimentos da vida de Rosa, como o próprio ano de seu nascimento, e da morte, que foram motivo de disparidades grosseiras nas antigas biografias.

Seu conteúdo provoca uma série de ilações. Infere-se, por exemplo, que o Pontífice ficou bastante sensibilizado com a solicitação que lhe foi dirigida e mostrou-se muito simpático à causa. Confirmar-se-ia, então, uma tradição de que este a canonizaria brevemente se não falecesse pouco tempo após a abertura do processo.
Neste primeiro testemunho oficial da Igreja sobre a santidade de Rosa já podemos constatar que os milagres atribuídos à sua intercessão eram flagrantes: clara miraculorum indicia, diz a Bula, ou seja, “evidência clara de milagres”.

O Papa é assertivo, também, quando fala das virtudes e heroísmo de Rosa: manteve intacta a flor de sua virgindade, elevada pureza de coração, e uma vida impecável à altura da perfeição e muito heroísmo. (grifo nosso).

É possível que o Papa Inocêncio IV houvesse tido informações sobre as virtudes e ações de Rosa enquanto esta ainda vivia, pois a Bula deixa certa margem para esta interpretação. De fato, Viterbo era uma cidade muito importante para o Papado, e seria pouco provável que uma atividade como a de Rosa ficasse restrita ao conhecimento da população local e passasse totalmente despercebida pela hierarquia eclesiástica, até mesmo do Sumo Pontífice.

Rosa fora exilada de Viterbo por ter se tornado deveras inconveniente para os partidários de Frederico II e sua fama já ultrapassara as muralhas da cidade, como se constata por sua passagem em Vitorchiano e Soriano del Cimino[2]. Assim, quando o Papa a descreve como “cheia de coragem a tão invencível Rosa, sua serva, de venerada memória”, é provável que estivesse se referindo aos seus próprios conhecimentos sobre ela. Recomenda, contudo, toda cautela aos destinatários da Bula, como é protocolar em um processo de canonização.
Diz o documento[3]:


Inocêncio Bispo, Servo dos Servos de Deus
Diletos filhos etc.

Nosso Deus, que é maravilhoso em seus santos, e abençoado eternamente, tem, no deserto desta vida mortal, adornado com tantas virtudes e cheia de coragem a tão invencível Rosa, sua serva, de venerada memória, que em meio aos perigos do mundo manteve intacta a flor de sua virgindade, elevada pureza de coração, e uma vida impecável à altura da perfeição e muito heroísmo, como uma propagação odorífica de uma rosa ao seu redor com a fragrância de seus exemplos sublimes. Finalmente, de acordo com, pelo menos, a crença piedosa dos fiéis, ela merece sentar-se no trono da glória eterna, e fazer parte dos coros celestiais de virgens; como demonstrado, temos a certeza, as evidências claras de milagres que a bondade de Deus opera na terra através de sua intercessão.
Além disso, uma lâmpada não deve ser escondida debaixo do alqueire, mas brilhar aos olhos dos crentes e não crentes, para o fortalecimento da fé, o nosso muito querido filho, o bispo eleito, o clero, o conselho e as pessoas de Viterbo, animados, com razão, justamente por estes milagres, pediu-me humilde e respeitosamente para abrir um procedimento informativo relativo às fragrâncias de santidade desta nova rosa para dizer sobre os méritos de sua vida e milagres a ela atribuídos; de modo a que goze da bem-aventurança e recompensa na Igreja Triunfante, e receber, simultaneamente, dentro da Igreja Militante, as honras que são devidas a esta virgem gloriosa que brilhou tão grandemente diante dos homens e para que seja reconhecida e louvada como um dos protetores dos homens diante de Deus.
Queremos acolher este desejo com bondade; mas, numa decisão de tal importância, é preciso proceder com maturidade, de modo que os hereges, que difamam os bons e tentam encontrar manchas até nos eleitos, não encontrem qualquer pretexto para insultar os fiéis; por nossa carta apostólica, nós prescrevemos o seguinte à vossa prudência bem conhecida.
Vós deveis cuidar que compareçam perante vós legalmente e interrogar sobre a vida e os milagres de Rosa, sem omitir qualquer circunstância, todas as testemunhas, credíveis e com as qualificações exigidas por lei, o que for possível conhecer e produzir; vós procedereis, neste exame, a fórmula de interrogatório que nós vos transmitimos; vós redigireis fielmente por escrito e oporás vosso selo; vós os depositareis, em seguida, em diversos locais seguros e os conservareis, até que, a pedido do bispo eleito, do clero, do conselho e das pessoas de Viterbo, ou nosso próprio ordenamento, nós os reivindicarmos para julgar a causa sobre esta matéria. Não obstante etc.
Dado em Perugia, 25 de novembro. Ano décimo de nosso pontificado



Texto Latino:



INNOCENTIUS EPISCOPUS, Servus Servorum Dei.
Dilectis filiis Priori Fratrum Praedicatorum et archipresbytero S. Sixti Viterbien, salutem et apostolicam benedictionem

Sic, in sanctis suis mirabilis et benedictus in saecula, Deus noster Venerande Memoriae Rosam virtute ac fortitudine, in huiusmodi vitae solitudine, dicitur solidasse ut, inter mundanos incursus et vitiorum illecebras, virginei floris integritate servata, per virtutum ardua immaculato calle pertransiens, ac nitorem in conscientia praeferens, foris aliis, velut rosa, redoluerit per exemplum ac tandem, secundum pietatis fidem, thronum gloriae conscendere meruerit choris virgineis sociata, prout clara miraculorum indicia quae in terris divina bonitas operari dicitur, protestantur.
Ne lucerna sub modio lateat sed ad veritatis agnitionem infidelibus et fidelibus ad fidei fulcimentum, his sane miraculorum signis ac prodigiis dilecti Filii electus, cleros, consilium et populus Viterbien. Mérito, quin potius meritorie excitati, nobis humiliter et humaniter supplicarunt ut fidelium testimonia super ipsius novellae Rosae fragantia, videlicet vitae meritis, miraculorum assertionibus, recipi faceremus; ita quod quae felicitatis potiri creditur praemis in Ecclesia Triumpahnti, in militante quoque honore côngruo celebris habeatur et quase gloriosa Dei virgo coram hominibus claruit, pia innotescat patrona pro hominibus coram Deo.
Nos igitur ipsorum laudabile votum favore benévolo cupientes prosequi, cum in re tam profundi judicii tanta expediat maturitatis cautela procedi ut iis qui, perversitatis haeriticae fermento corrupti, loqui audent mala de bonis et in electis fingere maculam, ut ecclesiae sponsae Christi species decoloretur in membris, nullus insultandi fidelibus aditus relinquatur, discretioni vestrae, de qua plenam in Domino fiduciam obtinemus, per apostólica scripta mandamus quatenus super illius Rosa evita et miraculis testes, fide dignos atque legitimos, quos undecumque produci contigerit coram vobis, legitime recipere ac de singulis circumstantiis, juxta interrogatorii formam quam vobis sub Bulla nostra transmittimus, prudenter examinare curetis et ipsorum dicta, fideliter in scriptis redacta et sub propriis inclusa sigillis, in diversis locis caute servanda deponere studeatis, donec, praedictis electo, clero, consilio et populo nobis supplicantibus, vel motu nostro ca viderimus requirenda, ut tunc, eis inspectis secundum Deum, prout motum nostrum res clarius nota formaverit, in negotio procedamus. Non obstante indulgentia, qua tibi, Fili Prior, specialiter vel Ordini tuo generaliter a sede apostólica etc.
Datum Perusii, VII kalendas decembris, Pontificatus nostri anno decimo.



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[1] Uma bula é um documento pontifício relativo a temas de fé ou de interesse geral, concessão de graças ou privilégios, assuntos judiciais ou administrativos, expedido pela Chancelaria Apostólica, estampado com tinta vermelha. O termo "bulla" vem do latim e é empregado referindo-se à forma externa de um documento, que antigamente era lacrado com uma pequena "bola" (cápsula metálica redonda). O lacre era utilizado para proteger o selo de cera unido por um cordão a um documento de especial importância, com a finalidade de certificar sua autenticidade e autoridade. Com o passar dos anos, "bulla" indicou também o selo; depois, todo o documento selado - o que explica porque ainda hoje se usa o termo para todos os documentos papais de especial importância, que possuem, ou pelo menos tradicionalmente deveriam conter, o selo do Pontífice. O documento fica conhecido, ou recebe a alcunha, pelas palavras iniciais que contém: no presente caso as palavras “Sic in Sanctis”.
[2] Confira “Vita Seconda”.
[3] Tradução nossa da transcrição em Leon De KERVAL (1896), pg 199 e seguintes.